Milton Hyland Erickson (1901 - 1980) foi um dos principais nomes da psicoterapia do século XX. Sua obra inovadora foi de fundamental importância não só para a retomada da hipnose, então marginalizada, como também para uma nova forma de conceber os processos terapêuticos. Erickson nasceu em 5 de dezembro numa pequena cidade de Nevada, EUA, mas viveu a maior parte de sua infância e mocidade em Wisconsin. Sendo sua família de origem rural, o jovem Erickson, diferentemente dos grandes nomes da psicoterapia, não teve contato com autores eruditos fundamentais do debate científico e filosófico de sua época: ele estava mais interessado em questões práticas, como a de desempacar um asno para que entrasse no estábulo. Desde jovem, Erickson teve vários problemas de saúde: dislexia, daltonia e, aos 17 anos, uma crise de pólio que paralisou várias partes de seu corpo, fazendo com que os médicos perdessem a esperança quanto a seu caso. Contrariando expectativas desesperançosas, ele não só retomou de forma surpreendente os movimentos, mas também desenvolveu acentuadamente a percepção de si e dos outros, o que foi de grande valia para seus trabalhos posteriores. Interessou-se pela hipnose já na Faculdade de Medicina, onde encontrou o famoso psicólogo Clark Hull que procurava estudar a hipnose sob a ótica experimental. porém, enquanto Hull estava interessado em padrões universais de sugestionabilidade, Erickson destacava a singularidade com que cada sujeito vivencia o transe, o que o afastou gradativamente de seu professor. Tendo se formado em 1928, trabalhou em Colorado, Massachussets, até finalmente chegar ao hospital de Michigan, onde desenvolveu grande parte de seus trabalhos sobre hipnose. É lá também que conheceu Elizabeth Moore, sua segunda esposa que acolheu seus três filhos do primeiro casamento e lhe deu mais cinco crianças.
Já em 1948, Erickson decide mudar-se para Phoenix, Arizona, devido a seus constantes problemas de saúde, sendo que em 1953 um problema desconhecido deixa suas pernas paralisadas e o leva para uma cadeira de rodas até o fim de sua vida. Sua vida profissional e intelectual, no entanto, continuou bastante produtiva: além da fundação da American Society of Experimental and Clinical Hypnosis e do American Jornal of Clinical Hypnosis, Erickson manteve contato com grandes pensadores da época, como Aldous Huxley, Gregory Bateson, Margaret Mead, Lewis Wolberg, Jay Haley, John Weakland, Lawrence Kubie, dentre outros. Ao final de sua vida seus movimentos estavam muito restritos e suas dores eram intensas e difundidas por várias partes do corpo. Porém, apesar de suas limitações físicas, a abrangência de seu trabalho foi extraordinária, estendendo-se a vários tipos de demandas clínicas e a diferentes clientelas, como crianças, adolescentes, casais, indivíduos e famílias. Sua influência foi também considerável em vários movimentos terapêuticos, como a terapia familiar sistêmica, a terapia breve, a programação neurolingüística e a terapia da cura mente-corpo. Em março de 1980, Erickson deixou o mundo pouco antes do "Primeiro Congresso Internacional de Abordagem Ericksoniana de Hipnose e Psicoterapia".
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